Escrita terapêutica

No contexto psicológico referir-se à psicoterapia como a “cura pela fala”. A partir do trabalho de Adler, Freud e Jung, entre outros autores, grande parte das terapias em psicologia envolve conversas, diálogo, reflexões, narrativas sobretudo - linguagem. Entretanto, existem muitas opções terapêuticas ligadas à linguagem não necessariamente envolvendo conversas em seu sentido mais tradicional (falado). A palavra escrita, por exemplo, é um destes outros recursos disponíveis e muito eficiente.

A palavra escrita é um meio criativo de comunicação interpessoal, intrapessoal e subjetivo. Propõem-se como organizador do pensamento,das ideias, dos anseios, das emoções enquanto recurso terapêutico é ferramenta de autoajuda.

A escrita expressiva, autêntica e genuína como forma de terapia adicional, para além do setting terapêutico proporciona acalmar as angústias, aliviar o sofrimento e buscar o bem-estar físico e mental do sujeito.

As dificuldades de expressar (verbalizar) as emoções provocadas por conflitos e traumas não resolvidos, não ressignificados, não elaborados permanecerão presas no corpo, como um sintoma (físico e psíquico) ocasionando diversos problemas. Se as emoções forem liberadas através da expressão, seja ela falada ou escrita - sua força será dissipada, os sintomas atrelados poderão ser aliviados ou mesmo desaparecer, e impactos nocivos sobre a saúde poderão ser controlados, minimizados ou neutralizados.

O exercício de escrever é com uma tentativa de dar sentido aos eventos passados, presentes e aquilo que o sujeito fantasia(sonha) para o futuro - pode exigir grande capacidade de introspecção (reflexão profunda de si mesmo), para examinar os acontecimentos, a partir de vários ângulos, e com muito protagonismo pelos seus atos, sem transferi-los a outrem.

E isso é para além do que escrever frases bonitas, poéticas, enfeitadas, românticas. Trata-se de destacar experiências, vivências profundas, maior parte das vezes eventos muito dolorosos dos quais o sujeito foste assujeitado. Ao refletir, rememorar sobre o desenrolar dos fatos, os processos psicológicos que envolvem a compreensão podem potencializar significativamente o processo de autoconhecimento. E as coisas, podem tornar-se clarificadas, surgindo entendimento de padrões de comportamento, pensamento, sentimentos e a revelações de atitudes(sentimentos) que até então eram inconscientes. A escrita é um mecanismo revelador das nossas emoções.

O exercício e o ato de escrever é muitas vezes libertador, principalmente quando envolve compromisso de mudança por parte daquele que escreve, é um registro firmado consigo mesmo, que pode ser lido, visitado quando assim desejar. A escrita terapêutica, envolvendo a expressão dos pensamentos, sentimentos e emoções, é reconhecida por auxiliar no humor, amenizar o estresse e clarificar como o sujeito se sente frente suas demandas.

A prática da escrita terapêutica para muitas pessoas, que têm escrito sobre suas experiências negativas e dolorosas é um momento para pensar, escrever e elaborar, aprendendo assim, reconhecê-los, identificá-los e desenvolver estratégias para melhor lidar com eles.

A escrita terapêutica, nada mais é do que o contorno delineado das emoções. É dar o sopro de vida aquilo que estava outrora adormecido e agora, tem vida própria, cujo regente(escritor) se posiciona consciente de si mesmo.