Antônio

Nascido do gueto

Da terra preta, sem velas

Favelas, ainda nem sabia o que era.

Vida dura, mãos calejadas no campo

Inquieto, a cidade parecia um rumo certo.

Ah, meu amigo. Na vida de preto nada é concreto.

Somente aquele virado com pá e enxada.

Mesmo com dificuldade, do verde pro cinza foi mudança e coragem.

Chega então o dia, vitória? Jamais, preto em nova empreitada é como peixe sem asas e paz.

Amor, família, alegria, isso sobrava demais.

Sonhar era especialidade do jovem rapaz.

Mãos à obra, e muitas obras, muito concreto no solo.

A calçada era sua morada, ali montava uma vida.

Sem dó e sem pena, afinal preparar o terreno era vida plena

Enfim, ainda surgiria uma tal Madalena.

É, Sarara. Quem diria! Quem ria do amor agora era desarmado e amado por ela.

E agora, vitória? Nada, esquece isso.

Aqui era tudo no suor, fazendo sempre o melhor.

Nada foi fácil, mas o sorriso, esse era de graça.

Desgraça? Muitas, mas o que abala um preto que enfrenta tudo na raça?

E vem Josi e Geice, a vida ainda é dura, e no final... Espera! Final não existe.

Finais são apenas detalhes, e detalhes são tão pequenos que a vida leva todos pro baile.

Vem Vicente, vem Vitor e a vida ainda tenta ser monitor, como todo “game” de horror,

Enfermidade logo nessa idade?

Tristeza? Jamais! Sarará é preto, vem de onde o sol nasce mais belo, sabe... Tipo um elo?

Corrente que não quebra, é Deus, família, alegria e bondade.

Aqui tudo é tudo na régua, medidas diretas de paz e guerras

Afinal, veio a vitória?

Ninguém sabe, o homem segue firme, driblando a adversidade, exemplo de amor e verdade.

Viver é pra poucos, mas com tantas batalhas vencidas, a tal vitória pode até ser esquecida.

Já foi! Sarará teu legado é mais que qualquer vitória, é pura imagem de suor e glória.

Ânderson Gonçalves Vasconcelos
Enviado por Ânderson Gonçalves Vasconcelos em 15/06/2020
Reeditado em 15/06/2020
Código do texto: T6978435
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