AS DUAS ESCOLHAS - OS DOUS CAMINHOS

Nos mais elevados mundos celestiais (Aztiluth, da emanação e Briah da criação), a alma ainda não está formada. Aqui a coletividade das forças espirituais é expressada sem individualidade.

A alma começa sua formação no mundo elevado de Yetzirah - onde Nesfah (alma mais elementar) procura seu veículo - veste, ou Tzelem, que habita no mundo mais baixo de Yetzirah. Para desde aqui poder, ambos em simbiose, descer ao mundo de Assiah (mundo físico).

O grande cabalista da Península Celtibérica Moshe ben Shem-Tov, nascido em Leão (1250) e morto em Arevalo (1305); conhecido por Moshe de Leão (a quem se atribui a escrita do Zohar), assim o afirmava, em seus escritos.

Dai que Nesfah no plano, mais claro Yetzirático passe formar sua veste, seu Tzelem no plano menos claro do mesmo Yetzirah; começando aí a definir as capacidades do nosso livre arbítrio. Individualização que ira tomando forma concreta no mundo material (Assiah), desde essa nova individualidade criada, por simbiose, nos mundo celestial Yetzirático, onde o coletivo começa tomar sentido como ente diferenciado.

Pois será, aqui, no mundo físico de Assiah, concretizado na sefirah de Malkuth, que realmente nossa alma, possa exercitar esse livre arbítrio (em conexão com as outras esferas mais elevadas – mentais e emocionais – da Árvore da Vida.

Aqui neste estágio surgem duas possibilidades de evolução para nossa alma. Duas formas arquetípicas de encaminhar nosso livre arbítrio: a) de acordo a Lei Universal - Dharma, ou b) em contra da Lei Universal ou Adharma.

No caminho do Dharma, a individualidade anímica procura exercer seu livre arbítrio, escolhendo descortinar os véus negativos que encobrem o conhecimento místico, da sua inicial fase de ignorância. Tentando inspirar-se por meio do amor, que conduz a sabedoria.

No segundo caminho do Adharma, a procura se torna em favor duma maior realização no plano material: apego à matéria e aos prazeres mundanos.

Na senda do Dharma, por médio do sacrifício honorável - Sacro Ofício - vamos na busca do retorno – àquela quinta essência dos alquimistas: àquela volta ao paraíso espiritual, de todas as verdadeiras correntes religosas (entendendo religão, naquele aspecto de ré-ligar). Àquelas visões do Trono Celeste e o veículo de transporte, entre os mundos, ou Merkabah - da mística judaica. As visões do éden celestial cristão ou daquele outro paraíso muçulmano. A união com o amado, no Jardim do amor - em comparação com a desunião do desamor, em terra árida; na revelação do poeta sufi Rumi, no Masnavi (Masnavi - precisamente significando parelhas espirituais). A Transcendente visão taoista da integração no todo e a budista da Iluminação - expansão, dentro do todo. A volta a realização em Bramam, dos hinduístas... O Paraíso celestial conquistado, ao obter a fusão do eu humano com o eu divino. Caminho descrito nas famosas Bodas Alquímicas, de Christian Rosenkreuz

Por meio da purificação da alma mais rudimentar de Nesfash, ate ir conquistando o estágio mais elevado de Ruach, e finalmente poder atingir a alma pura de Neshamah, no plano de retorno a conexão com o Todo Espírito – obtemos este Retorno: Redenção do Erro ou Pecado Original, da mística do cristianismo.

Na queda em Adharma, a aparência dentro de Maya (ilusão do mudo físico), vence na procura de obter os médios para experimentar os prazeres sensoriais, sensitivos, corporais. Rumando para construir a riqueza material, no intuito de seguir aprofundando no prazer efémero que esta oferece. Vício por cima de Virtude. O sacrífico deixa de ser altruísta e se torna egoísta - perdendo seu caráter sacro ou sagrado. Sem sacro-ofício não pode haver retorno: a purificação, sem ele, não se realiza.

No primeiro caminho a mente ética e os valores morais ganham força, enquanto o ser humano vai conquistando degraus de subida, no seu conhecimento (desvendando os véus negativos que ocultam o saber amoroso).

Ascensão pela escada que sonhou Jacob, como simbolismo do regresso à essência.

Na segunda via, a mente habilidosa que gera estímulos, criando uma lógica degenerativa em benefício do Ego insaciável (nunca satisfeito, por muito poder material que conquiste), engana a nossa avarenta personalidade, ate um beco sem saída. Mesmo pudendo tornar-se uma jornada de não retorno. Pois em esta queda pomos em jogo nossa alma.

Este insistir rumar pela trajetória errada, avança descortinando os véus invertidos, que encobrem o conhecimento obscuro do abismo. Obtendo habilidades, cada vez mais malignas, que vão convertendo nosso caráter e personalidade na dureza da pedra insensível e no gelo dos perversos impassíveis. Iniciando uma espiral de descida ao lado terrível das sombras, no desejo de cumular fortuna suficiente, para experimentar, a cada vez, prazeres mais depravados. Tentando a conquista duma posição social, que possa na superfície tapar a nossa degradação no fundo. Chegando, de não retificar a tempo, à por em risco nossa salvação. Pudendo, como falamos, perder nossa mesma alma.

Em esta altura é quando surgem os monstros sociais, que nos chegam arrepiar o corpo, quando suas psicopatas condutas e ações covardes, saem a luz, pela rutura daquela sonhada fenda de proteção, que cuidadosa e maliciosamente teceram.

Sempre insuficiente, instável e impermanente, como tudo o que se experimenta aqui nesta Terra.

No caminho do abandono do precipício da materialidade, as oportunidades de resgate surgem. Na escolha da subida íngreme pela esforçada calçada agreste, que conduz a montanha sagrada, optaremos pela sublimação do corpo e pela ascensão da alma. Os prazeres efémeros da matéria, são trocados pelos prazeres permanentes da vibração espiritual, a cada passo de ascenso, mais conectados estamos a divindade em nós. Somos cientes da certeza, daquele Reino de Deus, estar em nós – como afirmou Ye´Shua – o Salvador.

Permitindo nosso regresso àquele Palácio Celestial, Fonte da nossa Divina Essência.

O problema no nosso mundo é que aqueles que exercitam o poder, nesta era de guerra - concorrência ou Khaly Yuga, seguem a segunda via - de descida para o abismo. Mas também muitos dos que abaixo, com seu trabalho, sustem a pirâmide da injustiça social. Empurrando, entre todos, à humanidade por um barranco sem retorno: descenso de ida, sem subida de volta. Adensando nossa vibração coletiva no envilecimento das almas, na procura da luta continua pela efémera posse material. Ao invés de caminhar na Ajuda Mútua, em procura do aprimoramento sublime - da elevação coletiva.

Imposibilitando, esta incercia, uma via individual que permita àqueles que já estão prontos para o retorno, ter aceso àquela chamada "transmigração da alma". Saída do plano material - libertação da Roda do Samsara - retorno ao plano celestial. Comunhão com o divino em nós: início da longa ascensão ate voltar de novo a Fonte de onde tudo Promana. Mas desta vez carregados, com a experiência suficiente, para obter a definitiva vitória sobre a matéria. Conseguindo a simbólica espada flamíngera ou Facho Lumínico dos que tem aberto as Portas do Paraíso. Victoria sobre as tentativas de aprisionamento material, que somente pode ser obtida uma vez ultrapassadas as provas de todas nossas anteriores vidas. O sonar das Trombetas angelicais.

Victoria que precisa para realizar-se vencer os medos e apegos aos prazeres que nos escravizam. Pois o apego ao prazer e a fugida da dor, junto com os pequenos e grandes medos, cumulados na vida, são um dos maiores trunfos psicológicos da personalidade egolátra, sobre nossa alma lumínica.

Sendo, que parte das elites que comandam nosso mundo, são muitas vezes atraídas aos comportamentos psicopatas medrosos, ativados pelo pânico a perder seu colchão material, e sua posição elevada, que lhes permite tapar seus medos, com efémeros prazeres.

Ao igual que as elites obscuras infiltram malvadas pessoas em círculos de amor, também a Fraternidade da Luz, têm formado trabalhadores e trabalhadoras dum mundo novo, que lutam também na elite em favor da humanidade. Sendo que as pessoas de amor e luz, sacrificando-se em todas as camadas sociais, culturais; organizações civis, políticas e religiosas, muitas vezes pondo em risco suas próprias vidas, estão promovendo a agenda de mudança da humanidade.

De muitos daqueles outros sacrifícios: entrega da vida, por parte de seres amorosos, surgiram os caminhos hoje abertos para o retorno. Escolher bem a rota eis uma das grandes decisões de todos os tempos

O caminho individual e coletivo, que escolhamos, fará no final da jornada, para todos nós, a verdadeira diferença.