Na cabeceira, o jarrinho, esqueci de colocar no solzinho da janela. 
É que gosto das minhas coisinhas me cercando, e hoje eu estava distraída, tão distraída que esqueci do tempo, da data, da hora, de tudo.

Acho que as horas servem para por ordem no tempo, esse tempo que inventaram para nos controlar.

Hora de tomar café, hora de almoçar, hora de jantar, hora de trabalhar.
Antes de tudo existem três ponteiros controlando nossa mente.

Estou só pensando... pensando em como foi boa a viagem sem tempo que fizemos, onde o relógio da cidade apenas seguia o sol e a lua.
Marcava manhã, tarde e noite. Eu achei o máximo aquilo.

Acordávamos tarde, de uma noite de tantos braços, lábios e risos.
E o dia começava às dez da manhã. Lembra? Café, biquine, praia, sol. Andarilhos sem relógio. Não havia celular e meu tempo era todo teu. As únicas mensagens que recebíamos eram dos nossos corpos, nossos gestos em resposta a tudo o que vivenciávamos. Comentávamos o gosto das coisas, você me mostrava as janelas coloridas que eu curtia, entrávamos em cinema com roupa de praia e tomávamos café quando saíamos.

Ninguém sabia onde estávamos. Não precisávamos mostrar o que fazíamos para a humanidade saber que éramos felizes.  Apenas vivíamos nossa felicidade.

Hoje viajei pensando nisso. Ando assim, tão distraída dessa vida...
 
TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 14/01/2021
Reeditado em 14/01/2021
Código do texto: T7159960
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