O Sal da Saudade

Saudade lenta que dói...

Saudade que bate e me leva e me traz ondulando como barco em mar calmo...

Saudade que é brisa leve que me toca a pele e sussurra aos meus ouvidos o quanto a ausência é presente.

Saudade que bate e leva...

Saudade que me bate e me bate e me leva...

A saudade é trem parado

Que, aos poucos, segue e vai,

Um destino que é certo,

Acelera o trem que vai...

Saudade é temporal,

É respingar lágrimas na janela,

É Chuva volumosa,

Brisa, monções, tufão...

Saudade é rede e sombra,

É balanço dormente,

É sentimento que nunca mente,

É a mente em raízes de coqueiro,

Que se espalham em terra fértil...

Saudade...

É Sal na medida certa,

É o dá, de doar sem espera,

É de possuir, e deixar livre...

Pois quem pensa que possui, nem um terço da reza pega.

A Saudade é lenta e dói...

Bate e leva e traz e puxa como o mar...

É brisa leve que me toca a pele e sussurra a ausência da presença.

Saudade,

É sal na medida certa,

É doce, É fel, É dor,

É canto de sereia,

É dor que alivêia,

É luz que alumia...

É escuridão que incendeia,

É Sol que escurece,

É parte da vida que pulsa na veia...

Na lua cheia, há saudade,

Que me bate e me leva...

Saudade que me bate e me alivia,

É sal, é medida, é o serrote da dor prisioneira,

É dor inteira e doída,

É silêncio amargo,

É comida insossa, insípida,

É dor doída da quase morte sentida,

É o pouco sal da pouca vida vivida.

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 22/02/2021
Reeditado em 22/02/2021
Código do texto: T7190414
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