A VIDA NO TEMPO

Em nosso egoísmo, movidos pela ânsia de poder e pelo lucro, nos consideramos únicos baseando toda a nossa teoria na nossa singularidade, priorizando ter em lugar de ser e, ignorando que o tempo é a única unidade da matéria.

O tempo, em sua propriedade de passagem constante independente do estado de movimento de qualquer coisa externa, é um elemento de características segmentadas no contínuo evolutivo de coexistência relacionada, que gera fatos concretos transformados em narrativas comparativas.

A realidade física, como um contínuo pleno de estrutura comum ao espaço, tempo e movimento, não é fracionada a nada mais.

Se levarmos em consideração as relações virtuais e os conceitos matemáticos que associam e medem o espaço e tempo, considerando a relação da mente com o espaço e o espaço com o tempo, poderemos vê-los como entidades irreais, uma vez que o espaço é uma ordem de fenômenos coexistentes, e o tempo é uma ordem de fenômenos sucessivos.

A existência habita o tempo. Só conhecemos uma existência delimitada e dirigida pelo tempo. Mas, o que habita a nossa mente?

Apesar de a nossa compreensão da função cerebral ainda seja bastante limitada, a ciência moderna tem permitido aos cientistas descobrir como algumas das diferentes partes do funcionamento do cérebro funcionam. A ciência biotécnica, através de métodos inovadores, tais como novas tecnologias de imagens do cérebro vislumbrando com clareza a sua ação, procede para mapear com precisão o coração humano, trazendo à tona o fluxo de dados neurobiológicos nos permitindo compreender mais claramente como os centros de emoções do cérebro nos movem à raiva ou às lágrimas, e como partes mais antigas do cérebro, que nos agitam para brigar e amar, são canalizadas para melhor ou para o pior.

Muitos subscrevem uma visão estreita da intelecção afirmando que o quociente de inteligência é uma faculdade genética que não pode ser alterada pela experiência de vida, devido ao nosso futuro ser em grande parte determinado por estas aptidões. Tal argumento vai de encontro as características de autocontrole, zelo, persistência e a capacidade de auto motivação ligando sentimento, caráter e instintos morais que provêm das capacidades emocionais subjacentes.

Demais, além desta possibilidade, aflora um imperativo moral premente. Na atualidade, o tecido da sociedade parece desfazer-se rapidamente em meio a pequenez do espírito, quando o egoísmo e a violência parecem estar a corromper a bondade das nossas vidas comunitárias e as substâncias morais que os nossos tempos exigem, como a autocontenção e compaixão.

A mídia nos traz, a cada dia, relatos de desintegração da civilidade e da segurança, numa crônica de raiva e desespero crescentes investida de impulsos de mau feitio, seja na solidão silenciosa das crianças deixadas à frente da televisão como babá, seja na dor de crianças abandonadas, negligenciadas ou abusadas, seja na intimidade vergonhosa da violência conjugal. É o salto de depressão repleto de emoções descontroladas que, de uma forma ou de outra, chega a nós expondo o quadro de inépcia emocional, desespero e imprudência nas nossas famílias, nas nossas comunidades e nas nossas vidas coletivas em meio a uma maré crescente de agressões.

Devido à nossa intuição e reações instintivas, somos predispostos a preferir certos objetos e aspectos do nosso ambiente em prejuízo de outros, priorizando o que queremos fazer.

Todavia, quando desenvolvemos a nossa inteligência emocional, mais importante do que o nosso quociente de inteligência, podemos reconfigurar o nosso pensamento e atitudes, dando sentido à insensatez e redefinindo o que significa ser inteligente em meio a irracionalidade.

Demais, o sentimento de raiva deve ser educado numa proporção que determine a escolha da pessoa e alvo de nosso desgosto no momento, no propósito, na medida e no modo como demonstramos nossa falta de empatia pela pessoa ou coisa da qual discordamos. E cada emoção apresenta uma iniciativa diferente para agir com equilíbrio e lidar com os desafios recorrentes da nossa vida.

Na vida, estamos à mercê do destino. Nem sempre saberemos o que vai acontecer a seguir, sem a certeza se estaremos vivos no minuto seguinte ou não. Então, como se pode esperar ou garantir algo? Gostaríamos que houvesse um atalho, uma solução rápida, o caminho fácil, mas não há.

No entanto, parece que, quanto mais sabemos das coisas, menos compreendemos. Muito do que pensamos importar realmente importa? Creio que não! Muitas vezes o que importa são as pequenas coisas. A periferia da simplicidade abriga a sanidade e o bem-estar em direção à paz de espírito.

É-nos dado nossa saúde, membros e mobilidade, e nossos pensamentos com as nossas capacidades e escolha para ir além de nós próprios. Mas não estão garantidos. Nem mesmo o amor é garantido, pois requer risco, colocando os sentimentos no estado mais vulnerável. Nos resta desfrutar da viagem do presente, saborear cada segundo que aqui estivermos respirando, vivendo e amando.

Soubéssemos de forma precisa como o nosso cérebro funciona, entenderíamos a verdade e conheceríamos a Deus. É bem mais acessível buscar entender a si mesmo, perceber a situação do próximo e conviver melhor uns com os outros.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 21/11/2021
Reeditado em 06/10/2023
Código do texto: T7390922
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