No que cremos e não cremos

Não cremos mais num mundo de fins e acaso, de acontecimentos fortuitos ou propositais, onde somos ou não somos livres para superar a crueldade rumo ao "melhoramento" da espécie, muito menos compactuamos com esse pseudo-espiritualismo-moral que quer fazer do humano um animal livre, desligado das influências e emergências exteriores, além do tempo, de tudo o que foi e será, e ainda por cima culpabilizando a humanidade pela crueldade, crueldade esta que está provado ser o fundamento do que hoje temos pelos valores superiores da humanidade.

Não. Não aceitamos mais essas interpretações corriqueiras, infantis, do tempo rudimentar da história. O ser humano não é nem livre nem determinado, ambas avaliações são juízos de valor baseados numa perspectiva de mundo, não se trata de dualidade, e sim, de condição e configuração existencial, modos de pensar e sentir - funcionalismo. O dualismo e fisicalismo são avaliações restringidas aos valores morais, quer-se justificar o problema da existência, isto é, seu caráter brutal, com uma justificativa moral.

Se temos uma crença, uma "lei", esta é, e aqui me expressarei numa fórmula teológica: "Deus escreve certo por linhas tortas" - essa lei é a Necessidade. Tudo que acontece é necessário.

Renunciamos a essa pretensão antropocêntrica de nos colocarmos acima do Enigma existencial, ainda que pelo conceito "necessidade" estamos emprestando ao universo um caráter humano, porque para se pensar é necessário operar com ficções, não podemos mudar nosso modo de expressão. Somos seres artificiais: - (assunto que ainda tratarei aqui ilustrando o processo da inteligência racional à inteligência artificial).

Recolocamos o "Acontecimento Vida" acima de nós mesmos, não temos como julgar moralmente o que acontece uma vez que somos parte do processo. É preciso mudar a maneira de pensar para se chegar a mudar a maneira de sentir. O problema da violência não pode ser resolvido no âmbito da dicotomia dos valores, estamos diante de um problema puramente literário, não moral. Quando mudarmos a maneira de interpretar saberemos o que fazer da violência ancestral que nos anima. Sem "bem" e "mal" resta-nos uma terceira via: a educação para formação de espíritos livres. Talvez aí haja um espaço para o agonismo superior, a guerra espiritual pelo conhecimento.

Fiódor
Enviado por Fiódor em 29/11/2021
Reeditado em 29/11/2021
Código do texto: T7396253
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