Da proposta de criação de um Gueto de Resistência Estudantil

Venho, pela presente manifestação de cunho pessoalíssimo (apesar de crer que esse sonho é compartilhado por centenas, senão de milhares de outros estudantes ), propor a criação de uma comunidade estudantil que procure atender, primeiramente, a todo e qualquer estudante de baixa (ou baixíssima) renda que, na impossibilidade de poder contar com sinal de internet em seu celular, de adquirir livros para prosseguir com seus estudos etc., possa contar com um local de estudos em que ele possa permanecer ao menos duas horas por dia (somando um mínimo de 10 horas semanais ou 40 horas mensais) para contar com uma metodologia de ensino eficaz e que seja diversa daquela da escola pública, onde os alunos aprendem o que os governos impõem – e não o que condiz com a realidade do país, do Estado, do município e do próprio aluno).

Em segundo lugar, assim me parece adequado pensar, todo e qualquer aluno com dificuldades de aprendizagem em determinadas componentes curriculares (outrora “disciplinas”, tais como língua portuguesa, matemática etc.) teria, em uma sala de aula ambientada em adequação à construção do conhecimento teórico-prático (contando com laboratórios destinados à execução do que foi aprendido em sala de aula), teria, nesse prédio, uma espécie de porto seguro para a efetivação de sua aprendizagem e prática dos conhecimentos adquiridos.

Na impossibilidade de contarmos com um patrocínio oficial (por parte de empresas etc.), penso em promovermos assembleias acadêmicas das quais possam participar estudantes da Educação Básica (a partir do 6º Ano do EF II), seus pais ou responsáveis e professores (licenciados, tecnólogos, mestres, doutores etc.) para promover o debate e, por fim, chegar a um consenso.

Originalmente a minha ideia era a da promoção, via autogestão (um conceito anarquista), de um prédio cedido por alguém de bom coração, para o estabelecimento de uma espécie do que eu achei por bem chamar de “Gueto de Resistência Estudantil” (doravante G.R.E.). Onde os ingressos trocariam experiências e viveriam na base da permuta de bens (pela contribuição coletiva se manteria a alimentação de todos, o ensino e o aprendizado de todos e a preparação de todos para ingressar em um mercado de trabalho, seja na condição de empregado ou como empreendedor, conforme desejar aquele que se formou nesse gueto). O trabalho docente nesse GRE seria totalmente voluntário. O dos cozinheiros, idem. A limpeza ficaria sob a responsabilidade de todos: ao encontrar descarte fora do lugar, encarregar-se-iam de <i>devolvê-lo</i> ou colocá-lo na lixeira, conforme o tipo de material (metal, vidro etc.).