Enigma

Uma estrada.

Por demais que uma estrada;

Um caminho longo, distante.

A evasão dos sonhos do mundo em linha reta.

A perspectiva define as ilusões do caminhar:

- O retilíneo é uma curva do tamanho da pupila vítrea.

Um gnomo.

A palavra escapa singela, atinente, indagando.

A solidão profunda de uma sabedoria em magia leve

Sob o segredo das portas, cancelas, de portões içados:

“- A chave pertence às águas que correm,

Percorrem, escorrem pelas relvas do tempo...”

Uma clave.

Uma abertura na fase de espera, de ausência.

A fuligem do tempo nas luvas de mãos estendidas;

E as perneiras se deixam imprimir do mago pó das alpercatas:

- E a busca revela aos olhos atentos: colhe-se molho de chaves.

Um leão.

As garras como as farpas ocultas sob pelos brancos.

O mito de possuir reinado das selvas, com medo de si.

O reino é do rei; a parceria escudeira é do amigo valente:

- A natureza completa-se em seu legado...!

Um muro.

A ilusão do obstáculo; o interesse, a tentação, a intenção;

E o gesto felino mutila incertezas, aniquila bandeiras, quintais.

E a sonda alcança além de onde se esconde:

- Onde o nunca reteve; e o sempre esteve.

Uma fonte.

A clareza mitral, imaculada, cristal, ígnea.

O dom de percorrer e purificar é do ciclo das águas.

O polir das pedras com a idade sobre-humana:

- Um dia os seixos reluzirão lá do fundo as réstias da vida...

(Darci F. Holanda, Jardim Umarizal 18jul1981, Aclimação 13/03/2025)

São Paulo SP

Tim Holanda
Enviado por Tim Holanda em 13/03/2025
Código do texto: T8284144
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