Quando a Porta se Fecha
Fechei as janelas, desprezando o vento. Trouxe a noite pra cá dentro, e o calor já não era problema, porque a frieza se escondia em nós...
No meu cale-se, havia um sorriso preso, e não havia mar revolto que o pudesse soltar...
Um toque suave nos dedos, uma sombra no Sol, e a certeza de que nada mais importava...
Era só o fim, e nada mais. Era só a construção de memórias que nunca vão ruir...
Uns passos bem largos em redor — não da terra, mas do meio do céu...
Onde nada é proibido ou bandido. Onde a cor se mistura com as palavras ditas...
Uma saudade que fica, talvez num retrato de espelho, onde olho pra dentro e não vejo o contraste...
Uma vida vazia, mas cheia de graça — não de sorrisos, mas das dores do desespero...
Na gaveta da sala, um lenço esquecido, que envolveu os meus prantos — tantos e tantos...
Eu passei pela ponte, caminhei sem saber se o norte era encontro e se o restante era sul...
Meia-volta e coragem. Mais um passo. Só mais um...
Eu concordo com você.
Pra que correr tanto, se você não vai chegar?
Pra que tanto esforço, se você não vai vencer?
A vida é só um abismo — e entre ela e o fim, uma ponte estreita. Sim, aquela mesma de antes...
Nada faz sentido...
Porque não é essa a intenção. Não é essa a parte que conta...
A parte é a dimensão dos estragos que ficam, quando a porta se fecha e leva com ela o Sol...
Eu desprezei o vento, mas desejo o Sol...
Não porque é brilho e luz, mas por queimar o momento.
São só palavras!