Sensorial
Quando parei para olhar o céu azul,
senti o peso da gravidade em mim.
As nuvens passavam devagar pelo sol
e lançavam sombras suaves sobre meu rosto.
Inspirei e expirei o perfume das flores do campo;
a brisa fresca tocou minha pele com delicadeza.
Capturei um instante preso em pensamentos,
caminhando por caminhos tortos,
perguntando a mim mesmo quando me perdi.
Agarrei palavras que trouxeram consolo.
Eu vou ficar bem,
nós vamos ficar bem,
mesmo que busquemos uma luz distante.
Em algum lugar no alto,
alguém pensa em mim,
parte de uma história maior.
Perguntei se importa se vamos transcender,
se um dia voaremos livres.
Sinto que estou preso,
como um pássaro que sonhou em ser solto.
Tento não pensar demais
e não questionar tanto.
Então, voltei a olhar para o céu,
tão azul e tranquilo,
e meus pensamentos finalmente se acalmaram.
Por enquanto,
vou apenas aproveitar o momento.
Sensorial nasceu de um instante de suspensão entre o mundo externo e o íntimo, quando os sentidos se tornaram ponte para acessar pensamentos que normalmente passam despercebidos. Ao observar o céu, o movimento das nuvens e o toque do vento, percebi como a experiência do presente pode revelar inquietações profundas: memórias, dúvidas, saudades e esperanças. Esses pensamentos não surgem para oferecer respostas, mas para registrar o processo de escuta interna. A mensagem não está apenas naquilo que é dito, mas no espaço entre uma pergunta e outra, no silêncio que acolhe, e na aceitação de que sentir também é uma forma de entendimento. É um convite à presença, mesmo em meio à incerteza, e à reconciliação com o momento vivido.