O CONHECIMENTO É HORIZONTAL - A CONSCIÊNCIA É VERTICAL

No filme “Coração Valente”, o rei (vilão da trama) pergunta ao seu subordinado: “Como se mata uma idéia?” Seu servo o responde com uma negativa: “Não sei, senhor!”. Então, o imperador responde: “Se mata uma ideia com uma ideia melhor!...”

Partindo do princípio deste pensamento, podemos nos ater com um aspecto profundo e ancestral do decurso que o homem tem mantido através dos milênios. Sob uma ótica um pouco acomodada à respeito do que a vida pode lhe trazer e o que pode se tornar em vista disso, a melhor resposta esteve em manter certos aspectos de relações em detrimento de novas descobertas. Ex: Se o homem jamais tivesse tomado conta da importância do sentimento de liberdade, é provável que ainda estivesse maquinando novas formas de aprisionar os seus semelhantes. Assim simplesmente, a escravidão seria algo ainda muito comum no dia-dia contemporâneo.

Outro exemplo vem da fantástica contribuição que a mitologia grega nos presenteou. Com uma riqueza de contos, epopéias e aventuras de heróis, dramas e maquinações dos deuses do Olimpo, nos foi dado também o reflexo do que se assemelha do, que para muitos ainda persiste: A visão antropomórfica de DEUS, refletida em aspectos comportamentais similares aos nossos,pois isso era o reflexo comportamental de ZEUS, que reinava no Lar dos deuses de outrora na antiga Grécia.

Essa percepção esta contida num sentimento imaturo da busca do conhecimento. É mais fácil tornar algo ou alguém mais próximo do contexto humano, do que procurar transcender esta visão em relação à vida que vivemos. Fato pelo qual as varias tendências sociais, religiosas e etc, entram em constante confronto ideológico com as demais escolhas de filosofia pessoal dentre nossos semelhantes.

Ainda citando outro modo de compreensão acerca da vida, basta enumerarmos as conquistas cientificas que acabam por chocar ideologias que ditam o não aprofundamento nos segredos da natureza, no qual o homem pode estar contrariando “a vontade do Pai”. Este, por sua vez dita que devemos apenas nos ajoelharmos e prestar reverência a sua vontade. Lembremo-nos de como foi espantosa a declaração de Galileu Galilei, ao dizer que girávamos e torno do sol, e não o contrário.

Agora, citado alguns de inúmeros fatores decorrentes dessa percepção mais ou menos esclarecedora sobre a realidade que nos rodeia, convido você ao que proponho neste texto. Observar apenas mais uma visão sobre o que quero dizer do titulo acima. De todos os tempos, as maiores idéias foram as que contribuíram para o esclarecimento sobre nossa condição de cidadãos do mundo. Seja em qualquer vertente de modo de vida que adotamos para a mesma.

Jesus deu a ‘idéia Perfeita’: “Amar a Deus Acima de Todas as coisas e ao Próximo como a Si Mesmo”. Esta base de convivência é o termo preciso que chancela, com um equivalente e também muito conhecido: “Nosso direito termina quando começa o do Outro”. Isso nos significa o ponto de aceitação que devemos ter para com os demais, para melhor vivência dos aspectos humanos de nossa existência.

Para o buscador do caminho místico isso toma conotações mais profundas, pois a consciência desta lei é mais ampla, sabendo das origens mais disciplinadas dos homens e mulheres que moldaram os caminhos da evolução, e ainda o fazem nestas décadas em que o conhecimento é mais acessível a todos e por sua vez, mais digno de melhor e mais livre apreciação. A atenta e sóbria observância das leis comuns que nos regem igualmente é o fator proeminente para melhor aproveitamento do que a vida nos oferece em todos os seus setores. Quando temos em mente uma conduta que seja para nosso próprio bem, pensemos se esse bem resulta e resultara um bem comum, pois estamos todos interligados na unidade universal. Se jogarmos uma pedra no meio da rua é bem provável que ela possa ser achada para outro uso, como servir de alicerce da construção de uma casa ou possa se tornar uma arma nas mãos de um indivíduo menos esclarecido.

Digo isso, porque, por trás de todo ânsia de poder, também se encontra uma grande incidência de sentimento de dependência. Vejamos um comparativo: Se numa determinada fábrica, vários trabalhadores dependem das suas labutas no serviço que o empresário lhes oferece, ele por sua parte depende do trabalho dos seus subordinados para o funcionamento da empresa. Ninguém é uma ilha, e somos todos criados naturalmente como seres sociáveis.

Também digo que é necessário o sentido de busca do que é liberdade. Essa palavra tão valiosa, muitas vezes mal compreendida pela maioria dos indivíduos, pois se acredita que tem como fundo de vivência, o sentimento de fugir de nossas responsabilidades perante o nosso próximo. A responsabilidade começa na consciência, este detector formidável de conduta, pois nos guia em todos capítulos da nossa existência. Foi a partir de quando começamos a nos sentir prejudicados pelos atos dos demais, começamos a formular regras de relacionamento dentre os indivíduos do nosso meio,criando leis e punições e outras formas de esclarecimento sobre nossos relacionamentos, nas múltiplas facetas da jornada humana na história.

Somos todos trabalhadores da mesma lavoura e, se não se observa essa idéia por este parâmetro, é por que existe uma má definição, originada apenas pela escolha do trabalho. Um indigente resulta de um fator, o da existência de uma falha no sistema social de um governo. Pois se tal sistema político estivesse cumprindo com eficácia sua função primordial em relação aos seus habitantes, este mendigo não seria mais um pedinte das ruas e, por conseguinte, um cidadão ativo do mesmo sistema. Um peixe pode ir a vários lugares de um oceano, mas não pode sair da água. Se um homem, por livre e espontânea vontade decidisse ir morar como nativo de uma ilha, estaria tão sujeito às agruras do ambiente quanto um nativo desta, pois fisicamente essa liberdade não existe. O que existe na verdade é apenas uma mudança de convívio. Mas ela esta na nossa consciência, que permite termos um sopro renovador em nossos corações visando uma melhor existência no novo ambiente.

Com todas as citações anteriores, denoto o papel da constante procura pela boa consciência no convívio com tudo e com todos e mantermo-nos na eterna busca do que é maior e mais elevado para nossos corações, visto que os corações mais apurados também possuem consciência mais ampla.

É claro que não podemos nos comparar com certos zênites da humanidade, mas seus exemplos estão para nos guiar na procura dos menores traços dos seus feitos. Diante deles, continuarmos ativos em conscientização em relação a nossa capacidade de melhoria. Ora, quando vemos uma pessoa bem dotada de certos requisitos de instrução, não procuramos saber de onde vem a fonte de tal preparo? Um bom professor não dará um bom ensino a um aluno dedicado? É também pelas pistas da origem das descobertas, que recorremos à origem dos pensamentos e contestações que levaram a estas.

Ainda persiste em grande parte dos habitantes do globo, uma noção de conhecimento e desprovimento de procurarmos no desgarrar de idéias que se repetem no nosso viver diário, em que mais se torna cômodo trazer o que esta acima de nós para nossa compreensão, do que tomarmos como iniciativas para ascendermos para tais níveis. Mas falo também de percepções individuais, em que todos nós estamos mais adiantados em alguns aspectos, que alguns indivíduos e em outras características, não. Um profissional, por mais que tenha fascínio por engenharia eletrônica, jamais terá ativo conhecimento de estradas e caminhos que levam a outras cidades, ao menos que possua tempo disponível para conhecê-las como um caminhoneiro.

Paulo de Tarso falou uma tática prática e sóbria acerca do que nos questionamos até agora. De que devemos absorver tudo para conhecermos melhor a vida, mas retenhamos o que somente é bom e produtivo pra nós e para os demais. E o que é bom deve ser medido com atenção as verdadeiras luzes a respeito do que se procura.

O ponto de partida essencial para essa jornada é jamais admitir-se com plena certeza, pois o homem que se acredita sábio pleno sobre tudo, com certeza esta no ultimo passo antes do tropeço ante as evidencias do progresso da humanidade e do universo. Foi assim que vários sistemas políticos e idéias foram substituídos por outros de cunho mais moralizante e benéfico a todos participantes dos determinados meios.

É claro que o compasso desta caminhada não foi com luzes e abraços de congratulações. Na verdade essas foram sempre minoria. As verdades tiveram de derrubar conceitos e preconceitos milenares, que resistiram e ainda resistem a tudo que possa aspirar conhecimento de direitos e deveres para com os demais. O que é comum em todos os movimentos. Mas como esse caminho trilhado vem a passos calmos e sábios, não podemos pensar em imediatismo, visto que toda descoberta se atem primeiramente ao local de onde se originou, mas acabando por demandar outros incentivos na consciência dos que depois descobrem os recorrentes valores. Todos têm vários níveis de conhecimento e principalmente de consciência, onde Tudo é relativo, menos o criador...

Como está escrito no título, o conhecimento nos dá uma visão horizontal do meio, por que ele nos instrui acerca dos mecanismos da multiplicidade de intelectos em que convivemos, mas a consciência nos dá esclarecimento do bom uso do conhecimento para o bem de todos, através de novas idéias de libertação de contextos que não nos servem mais, através da elevação moral da consciência, que permite abrir novas vistas sobre nossa realidade, na constante busca de melhoria de vida do individuo em relação a si próprio e aos outros. Portanto a consciência é vertical.

Aluísio Bórden
Enviado por Aluísio Bórden em 07/04/2008
Reeditado em 02/01/2009
Código do texto: T935324
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