TEMPO - EM REFLEXÕES

Na falta de melhor assunto, meus dedos passaram a dedilhar o teclado de forma imprecisa. Eu ia escrevendo e citando atos e fatos que pudessem ter acontecido durante determinado tempo, que já se encontrava no tão afastado passado.

Enquanto o meu pensamento se desloca através das várias nuances do tempo, procuro encontrar uma razão sensata para conseguir equilibrar os dois fatores, pois o presente, agora, passa a ser o único e real momento de toda a criação.

Nada conhecemos sobre o tempo, mas imaginamos que podemos criar e alimentar figuras para satisfazer nossos desejos e delírios de acordo com nossa vontade em qualquer época em que nos colocamos numa realidade as vezes ilusória.

A verdade, a realidade e as possibilidades passam a ser apenas conjecturas de um delírio ainda maior de acordo com a nossa convicção que julgamos ser a única real e verdadeira. O resto não passa de mera digressão filosófica.

Seguindo um pensamento outrora abstrato, pensamos que tudo é real diante de nosso concretismo que passa ser aparente e sem consistência.

Mesmo assim, continuamos a fazer sempre as mesmas asneiras no mundo em que vivemos e passamos a exigir dos outros atitudes que sejam iguais as nossas, porque pensamos serem as mais sensatas.

Como saber o que é real ou imaginário?

Nesta constante procura de uma possível verdade, continuamos a cair e a levantarmos a todo momento na nossa marcha evolucional, rumo ao destino que foi sonhado e delineado de acordo com a lei em cada Manvatara.

Os devaneios do pensamento se perdem nas fantasias da alma vacilante e de um espírito às vezes irrequieto perante atos e fatos que vão se sucedendo em torno de nossa própria individualidade.

A constante fuga do pensamento procura respostas nas curvas escuras do abismo criado entre o passado e o futuro. Então ficamos como crianças chorando, como se não soubéssemos qual o caminho que deveríamos seguir.

Como encontrar a real e objetiva verdade diante de tantas vertentes da mesma?

Muitas vezes a mentira nos atrai ainda mais, pois ela é agradável. Ela é como uma bela mulher de rosto maravilhoso.

A verdade é uma velha carrancuda e nem sempre cordial e afasta todo aquele que procura encontrar sentido em tudo que acha ser real.

E seguindo assim diante de duas correntes, de duas faces, entre o bem e o mal, ficamos duvidosos e optamos por aquilo que nos parece mais agradável. É neste momento que deveríamos ter capacidade de saber distinguir entre o certo e o errado, para não continuarmos repetindo sempre os mesmos erros.

Enquanto isto não acontece, meu pensamento não se acomoda nas doces ondas do comodismo. Eu prefiro continuar a sentir a dor da constante dúvida que me massacra e apressa-me ao encontro de mim mesmo.

31/03/03-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 15/04/2008
Reeditado em 05/03/2009
Código do texto: T946512