OPOSTOS COMPLEMENTARES

O que é belo não é só belo.

O que é bom não é apenas bom.

O belo mistura-se ao que é feio.

A fruta amadurece depois apodrece

doa-se, sementes, reciclando a vida.

Som e silêncio se harmonizam,

transformam-se em música.

O antes e o depois se interpõem.

A frente e as costas do homem

complementam-se simetricamente.

O que é belo não é só belo.

O que é bom não é apenas bom.

O todo tem dois tons, dois lados.

Dividir o que é uno é errado.

Exaltar só um lado do todo

é uma tolice, engano crucial.

Quem pode esconder do olho o bem,

e escolher e relevar a todos só o mal?

O sábio não é de forçar a barra,

ele não divide o que é único.

Sabe que no um há sempre dois;

que de dois nascerá o três. E mais...

Não adapta o mundo a si,

tem ciência de que não é o seu autor.

Age e nada espera em troca.

Às coisas ele não se prende, nem as enlaça,

por isso seu valor torna-se perene.

O que é belo não é só belo.

O que é bom não é apenas bom.

O todo tem dois tons, dois lados.

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Adaptação poética de idéia de Lao Tsé, de O Livro do Caminho