IGUALDADES

Ao ingressar na Delegacia, ontem à noite, Ana Carolina Trotta Jatobá gritava dando a entender que o policial, que na verdade a protegia de jornalistas e populares, estaria apertando seu braço. Que pessoa privilegiada, fosse realidade ou dramatização, podia soltar sua voz.

A inocente Isabela não teve o mesmo privilégio, pois enquanto apertavam “de verdade” seu pescocinho, suas cordas vocais comprimidas lhe tiravam a chance de gritar.

Ana foi colocada numa cela sem cama e Alexandre numa cela especial. Mas Isabela foi lançada no espaço para a morte, sem oportunidade ou esperança de um “Habeas Corpus” para sobrevida. Aliás uma sobrevida que poderia até ser vegetativa, uma vez que seria quase impossível escapar das seqüelas causadas pela violência que já havia lesado seu cérebro, pela falta de oxigenação durante a esganação (ato inaceitável em pleno século XXI).

Há dezenas de anos a educação e a cultura vêm sendo vilipendiadas neste país. Só isso pode explicar a índole dos assassinos de crianças (dezenas todos os dias) como Isabela.

Quando vamos acordar para essa realidade e quando vamos acabar com tratamento diferenciado para presos que têm curso superior completo? A Constituição não diz que todos são iguais perante a lei?

Diga-se de passagem que, se fosse admissível alguma diferenciação, a pena deveria ser mais rigorosa para com quem possui diploma universitário, pois quanto maior a capacidade de entender, maior a responsabilidade pelos seus atos.

Esperemos que não demore muito essa virada em favor da ética, da moral e da vida digna, pois o Brasil em que vivemos agora não é aquele que sonhamos !

SP. 08/05/08

Fernando Alberto Salinas Couto.

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 08/05/2008
Código do texto: T980433
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