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DUAS FASES DE UM CAIPIRA

Óia lá em cima naquela serra
Trabaiei muito naquelas terra
I eu gostava pra daná
Roçá o tigüera e cortá capoêra
Bem lá que canta o sabiá
Vivê aqui é danado de bão
Fáiz bem inté pro nosso coração
Feliz nóis véve a cantá.

Lá embáxo eu dexava m'a carroça
E me infiava lá pelo meio da roça
Começava a trabaiá
As horas se passava que eu nem via
Trabaiava tanto e quando percebia
Tava na hora de vortá
De fome chegava a virá o zóio
E era anssim, de repente quando óio
Hum! Frango e môio a me esperá.


Hoje estou na agitação da cidade
E talvez jogado a felicidade
Mas assim é a vida
Troquei a enxada e foice por roçadeira
Usando direto a colheitadeira
E continuo a minha lida
Ao invés de tração animal, o trator
Meu caderno é laptop, computador
Eu e m'a família querida.

Diariamente, ainda trabalho na roça
Troquei por caminhonete a carroça
Estudei, fiz faculdade
Nessa forma gerimos a fazenda
Aumentando a nossa fonte de renda
E declaro sem vaidade
Meus filhos concluíram os seus estudos
Estão felizes, pra mim isso é tudo
Sou um caipira na cidade.

(Christiano Nunes)