TRAGO
Trago na bandeja
O ódio com azeite
Da esquerda pela direita
Da direita pela esquerda
Não digo que aceites
Nem que com o outro esteja
Nem se é religião
Ou qualquer que sejas a seita
Trago a fome pelo pão
Dos enlaces entre irmãos
Trago a cobiça
O ouro e a prata
Os restos da carniça
Rondando a nossa praça
Trago bem guardado
O desprezo do vizinho
Que mora ao meu lado
E consome o leite sozinho
Os bônus adquiridos
E em jaulas guardados
Trago o egoísmo
Do eu e mais ninguém
Trago sabes também
A desgraça e a cachaça
Os corpos e as traças
Rondando os cadáveres
No fundo do porão
Retidos em carceres
Filhos da multidão
Trago de longe a péssima notícia
Da peste que te consome
Trago junto a policia
Pra finalizar o homem
Trago a morte
Trago o gole
Trago a fumaça
Trago a desgraça
Que por sorte
Te consola
Trago em boa hora
O fim determinado
Trago o homem capado
Último suspiro implorando
Da cobiçada finalidade
A extinção da humanidade.
TRAGO
FRED COELHO 2018