VAQUEJADA REAL
Risquei no lajeiro
Olhando pro sabiá
A lua la acolá
Entre os galhos do umbuzeiro
O cavalo avistou primeiro
A rês entre os cipós
Na fria noite calada
Enfim não estávamos sós
Naquela cavalgada
Levava dentro do gibão
O sonho da morena
Que habita no meu coração
E toda aquela cena
Daquela perseguição
Depois virou poema
Nas patas do meu alazão
A busca da novilhota
Pedida pelo pastão
Encontrada na maciota
Noite de escuridão
Toquei firme na espora
Me agarrei no cangote
É num puro golpe de sorte
O rabo estava na mão
Puxei para o lado
O bicho já tava no chão
Dei um saldo danado
A novilha ao meu lado
Com os pés amarrados
Não tinha mais condição
De empreender libertação
Pelas matas do meu sertão
Coloquei então a careta
Para lhes tirar a visão
Seguindo pela vareta
Sem a mínima orientação
E quando amanhecer o dia
Volto com toda alegria
Trazendo a criação
Correndo a meninada
De longe fazia alvoroço
Anunciando a chegada
Do vaqueiro pro almoço
Depois de pegar a pratada
De feijão com toucinho
Cipó na molecada
Pra nós deixar bem sozim
Pois com noite atrasada
Eu ia direto pro ninho.