VAQUEJADA REAL

Risquei no lajeiro

Olhando pro sabiá

A lua la acolá

Entre os galhos do umbuzeiro

O cavalo avistou primeiro

A rês entre os cipós

Na fria noite calada

Enfim não estávamos sós

Naquela cavalgada

Levava dentro do gibão

O sonho da morena

Que habita no meu coração

E toda aquela cena

Daquela perseguição

Depois virou poema

Nas patas do meu alazão

A busca da novilhota

Pedida pelo pastão

Encontrada na maciota

Noite de escuridão

Toquei firme na espora

Me agarrei no cangote

É num puro golpe de sorte

O rabo estava na mão

Puxei para o lado

O bicho já tava no chão

Dei um saldo danado

A novilha ao meu lado

Com os pés amarrados

Não tinha mais condição

De empreender libertação

Pelas matas do meu sertão

Coloquei então a careta

Para lhes tirar a visão

Seguindo pela vareta

Sem a mínima orientação

E quando amanhecer o dia

Volto com toda alegria

Trazendo a criação

Correndo a meninada

De longe fazia alvoroço

Anunciando a chegada

Do vaqueiro pro almoço

Depois de pegar a pratada

De feijão com toucinho

Cipó na molecada

Pra nós deixar bem sozim

Pois com noite atrasada

Eu ia direto pro ninho.

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 29/09/2019
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