BILROS

Nasci lagartixa

Viajante, turista

Veio um jumento

E pro meu tormento

Pisou no meu rabo

Me transformou num sapo

Com a língua, comi uma lagarta

Virei borboleta

Cheio de letras

Me transformei num poema

Voei para o infinito

E o sol me queimou

Voltei em chuvas de palitos

Espinhos furando a almofada

Dançando em cima do pique com os bilros

Virei renda safada

E viajei como prenda

E lá na Europa dancei valsas de Strauss

Passei mal

Chorei, não de tristeza

Mais de saudade

Do sertão e suas belezas

Da caatinga, da natureza

E me transportei

Pelo velho Chico

Saia da ilha da madeira

Pelas coerentes marinhas

Até o meu habitar

Criei raízes

Bem devagar

Virei um Juazeiro

E por derradeiro

Beijei o céu

Tinha gosto de mel.

Bilros

Fred Coelho 2019

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 18/11/2019
Reeditado em 19/11/2019
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