Angústia

Aquela sensação,

aquele sentimento.

Aquele tormento

constante da nossa inconstância.

Aquele medo

de chegar ao quarto

e saber que ela virá:

aquela angústia pertinente,

aquele sabor seco e amargo.

Angústia que seca os ossos,

medo que derriba os ânimos.

É tenebrosa! É escura!

Ânimo que se desvai pela boca,

que escorre pelos olhos.

É assustadora, é aterrorizante!

Está-se fora de casa,

já se tem o preâmbulo da

sensação aterradora:

prólogo do terror.

O tétrico estatiza os músculos,

o pavor urge: não o deixarei em paz!

É horrendo de mais para mim!

É assustador ao meu estômago:

o vômito entra em erupção

e o medo, ar que se respira no momento,

solidifica-se tal qual obelisco,

dizendo: farei você prantear

até que seus ossos,

cacos de vidro pisados,

tornem-se torrentes e cachoeiras

em sua mente.

É aterrador! É como o enterro

da alma n'alma.

O medo se achega logo cedo,

pois já se sabe que,

quando se chega em casa,

quando adentra-se à porta,

ela estará lá.

A ansiedade, as mãos trêmulas,

geladas e apavoradas

tomam lugar e falam:

eu estarei aqui para desampará-lo.

Eu a entendo.

Pois o conhecimento é anterior,

e não posterior.

Eu a entendo,

eu conheço isso.

Nada lhe ampara,

nem mesmo a alvorada:

pelo contrário,

ela aterroriza ainda mais.

Ora, nossa insatisfação e incredulidade

no Criador e Senhor de todas as angústias

são a causa e o efeito.

Elas se tornam em amargor e pavor.

Elas tomam conta,

e se nomeiam depressão.

Ora, nós não oramos. Não esperamos.

Nós não erguemos torre de lágrimas,

nem armamos cabana de pranto.

Nós não temos os joelhos quebrados.

Mas nós apenas nos acomodamos,

e dizemos: eu agora estou bem,

todos entenderão e eu, que sou coitado e não culpado,

não necessito de arrependimento,

mas, sim, de medicamento.

O pavor torna-se café,

e o ar matutino é, soberbamente, em pé,

e não caído, jorrado em incapacidade confessa.

Caiamos! Pranteemos!

Morramos a morte da vida!

Esperemos pelo Salvador e Consolador

de nossas almas!

Pois do que se aproveita estar supostamente bem,

mas não ter a alma aliviada na aflição,

forjada no açoite

e salva no Conhecimento do Altíssimo?

Eu a entendo.

A única coisa que quero dizer, quieto, é:

por favor, parem!

Eu não aguento mais!

Pois é como... terror desolador...

são terríveis de mais para mim.

Ela é como desconsolo, desesperança

e solidão em meio aos irmãos.

Pois são agonias involuntárias,

coisas que não quero lembrar.

Lembranças aterradoras,

memórias angustiantes:

é como se arrancassem meus olhos,

e colocassem-os em alguma abominação;

é como se destilassem

a carne dos meus ossos;

é como se tudo

desaguasse em terror

e imagens abomináveis.

É como tudo e

nada disso.

É pior.

Elas nascem

em idolatria;

é como altar idólatra,

em culto às malditas.

É como alicerce insatisfeito,

em sacrifício aos devaneios.

Eu a entendo.

O Criador e Senhor nosso,

Rei de todas as aflições,

há de Se revelar a nós

através delas se assim quiser.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[08/07/14]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 08/07/2014
Reeditado em 14/07/2014
Código do texto: T4874693
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