Afasta de mim este cálice

Há um silêncio no jardim

E, nem mesmo ouço a guizalha dos grilos.

Um vento frio percorre minha espinha

E adentra minha alma ferida.

Sinto uma dor profunda na alma

Um peso enorme nas costas.

Levanto os olhos ao céu

E nem posso ver as estrelas

Ofuscadas pela neblina dessa noite.

Meu suor transforma-se em sangue

Pois, a agonia é muito grande.

Afasta de mim este cálice

Mas, não se faça a minha vontade.

Milhões estão acorrentados em grilhões

E não tem forças para se libertarem

E, nem mesmo os que estão pertos,

Conseguem o sono afastar.

Minha súplica ao Pai é silenciosa

Pois, só Ele sabe o meu sofrer.

É um preço muito alto a pagar

Pelas vidas que se perdem

Na escuridão do mundo.

Afasta de mim este cálice

E dê-me forças para continuar.

Na angústia da morte

A vida entrego

Em favor da humanidade perdida.

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense