Adágios

Como um grito que rasga a noite,

mantenho alguma fé no mundo,

sigo teus passos mesmo mudo,

esperando não receber apenas um açoite...

Quando os alto-falantes anunciam minha morte,

flores e velório ao fantasma desaparecido,

tocando um solo de minha passagem triste,

quando meu amor foi soterrado e esquecido...

Sou um humano demasiadamente humano,

vivendo entre erros e naufrágios,

escapando das ondas de um profundo oceano,

para integrar tua coleção de adágios...

Nos descaminhos de teus sonhos não realizados,

nos desacertos de minhas (in)verdades suspiradas,

sob a pressão de todo um mundo de acontecimentos,

nossas esperanças se tornaram falas amaldiçoadas...

Deixo verter lágrimas que carregam tanta solidão,

para me atirar no fogo de um inferno pessoal,

enquanto as batidas não cessam nesse coração,

arranco tuas ilusões desse ornado pedestal...