Deserto
O que quero, espero
Ainda que “querer e esperar” não rimem.
O que espero, quero
Na rua onde as expectativas vivem.
Difícil não as criar
Vivendo a esperar
Por algo que não acontecerá.
Um dia eu quis, fiz
De tudo para o amor se concretizar.
Mas o livre arbítrio
Do outro veio aos poucos me libertar.
E lá fui eu nadar
Sem parar no mar
Da ilusão, do não - pensar.
Agora quero; sincera
Segura de mim, apenas a paz dos meus dias.
Não mais cega, de certo
Sigo a vida, fora do que lia e sentia
Pois na vida não há fada
Nem castelo, nem príncipe de nada
E vivo um dia de cada vez
Com um pouquinho de acidez
Sem esperar ser amada.