Tudo leva a crer que te amo

Tudo leva a crer que te amo

E todas as horas

— e que serve as horas?

Mortas feito poeira

Sobre os móveis e os móveis

Gastos pela falta de zelo

Dos meus olhos que não veem

Mais tua boca colada a teu rosto

E não ver este rosto me faz

Pensar de que vale a pena doar

Minhas vistas ou meus sentidos

Aos cães nas ruas ou às nuvens

Nos céus ou os pássaros

Pousados em qualquer canto?

— e os cantos? E os cantos?

Onde se escondem coisas perdidas

Coisas escondidas e coisas tão

Largadas quanto meu corpo

Nesta cama aqui e agora que flutua

Inerte pela passagem de tuas mãos

Sobre as minhas e se aquece

No calor que vem de ti e bem dentro

De ti foi onde achei o amor que nunca

Tive e também não o tenho agora

Senão por fora dos meus pensamentos

Mais doces e puros e tristes talvez

Porque agora não tenho nada

Nada além de um corpo desfalecendo

Em si e levando-me a crer que de fato

Eu ainda te amo e que de fato

— sim, eu digo que de fato

Tudo leva a crer que eu lhe perdi.

Um Rapaz Meio Estranho
Enviado por Um Rapaz Meio Estranho em 20/09/2020
Reeditado em 12/10/2020
Código do texto: T7067701
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