Tristíssimo Escritor

Na penumbra da noite, a pena sangra,

traçando palavras que o peito não quer.

Vendem-se sonhos por ouro e lavanda,

mas sua alma, em silêncio, desfaz-se em fé.

Tristíssimo Escritor, na prisão do desejo,

do público, que exige o que não lhe é real.

Teus versos já foram teus gritos e beijos,

mas agora são mercadoria trivial.

As musas, cansadas, partiram chorando,

deixando-te só com contratos e fins.

E ao moldar seu amor ao mundo, apagando,

perdeste o alento dos teus próprios jardins.

Tristíssimo Escritor, ecoando vazio,

em salas repletas de aplausos tão vãos.

Seus dedos compõem o que soa macio,

mas nunca tocam teu coração em grãos.

No papel, as mentiras dançam febris,

enquanto a verdade repousa ferida.

E tu, nas entrelinhas, sorris tão gentil,

mas dentro, suplicas que acabem a vida.

Ah, se um dia te libertares, enfim,

e escreveres os céus que teu peito desenha,

talvez o público veja o jardim,

que a dor cultivou sob a sombra que teima.

Tristíssimo Escritor, teu luto é palavra,

mas ainda há lume no poente a brilhar.

Que um dia teu canto, que agora se trava,

renasça em amor, para enfim te salvar.

Jhonnathan Pereira
Enviado por Jhonnathan Pereira em 03/12/2024
Código do texto: T8211269
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