Isso não existe
Ouvi a vida inteira
Que o amor era lindo,
Algo a ser cultivado.
Acreditei nessa falácia.
Achava que espalhava amor
Como quem lança flores ao vento,
Com um sorriso plástico
De falsa realização.
Minhas palavras, cheias
De um sentimento seco e vazio,
Escreviam-se com vontade,
Como se fossem verdade.
Enterrei os olhos na areia,
Crente de ser diferente,
Negando o que minha pele carrega:
Um objeto dito "perfeito".
Feio foi acreditar nisso
Por tantos anos...
Hoje, orgulho-me de ser carne,
Macia, pronta para o corte.
Dizer que o amor existe
É a pior mentira.
A jovem morreu
Com essa ilusão em si.
Nada existe.
Não será amanhã que nascerá.
Lamento,
Não creio mais.
Os contos de fada
Causam-me enjoo,
Desejo de vomitar
Minhas entranhas.
Desculpa.
Este sou eu:
Um ser inexistente.