Ame o desamor
Amor,
eu não nasci para carregar corações.
Tenho que lidar com a dor,
o vazio que ecoa no clarão.
Aos poucos, em passos secos,
e com olhos cegos,
aceitei as desilusões,
os tons neutros dos meus dias.
Num momento de solidão,
apertei meu próprio coração.
Gritei para mim mesma:
minha paixão é o desamor.
Conformei-me a andar sozinha,
por todos os caminhos,
com o olhar de leoa
na imensidão que me assola.
Minha vida é essa,
a função é estar nessa
existência sem acreditar
nas folhas que caem como bolhas.
Achei no desamor
a chance de, quem sabe, amar,
mesmo que eu precise vagar
como uma leoa pelo arpoador.
Aprendi a verdadeira lição.