Beleza cruel
Tecido de sombras e frio a tocar,
Há um véu de seda negra no ar.
A lua pálida, chora no céu,
Entre estrelas mortas, um lúgubre véu.
Beleza cruel, que encanta e fere,
No doce veneno, que a alma prefere.
Flores murcham ao som do teu riso,
O eco distante de um paraíso.
Teus olhos abismos, que devoram luz,
Guardiões do silêncio, onde a dor seduz.
Cada sorriso, lâmina afiada,
Corta a esperança, deixa-a calada.
Caminhas sozinha, por campos cor cinza,
Onde o tempo se arrasta, sempre ranzinza.
Aves em silêncio, não ousam cantar,
Temem teu toque, temem teu olhar.
Teus passos ressoam, no chão esquecido,
Em ritmo lento, amargo e contido.
És musa sombria, és caos sereno,
Espectro que dança, em um mundo terreno.
E na escuridão, deixas tua marca,
Uma rosa negra, eterna e amarga.
Beleza cruel, que a tudo destrói,
Mas na dor que semeias, o silêncio constrói.