Não vou te dar a mão, mas posso dar o resto
Um dia, sentei-me no meu canto,
E comecei a falar, sem encanto.
Dentro de mim, apenas o que restou,
Apenas o que meu interior desabafou.
Eu não vou te dar a mão,
Para algo que não há no meu coração.
Mas posso dar o resto,
E assim, me presto,
A viver com serenidade.
Outro dia, deitada no chão,
Coberta por gramas, na quente estação.
Vi o clarão do sol me tocar,
E pude, enfim, me revelar.
Eu não vou te dar a mão,
Pois não há paixão no meu coração.
Mas posso dar o resto,
E assim, me presto,
A viver com algum sentido, sem aflição.
No último momento, olhei pela janela,
E vi a vida passar, nas vielas.
Num dia nublado, o vazio,
O silêncio me envolveu, tão frio.
Eu não vou te dar a mão,
Pois não posso oferecer a imensidão.
Mas posso dar o resto,
E assim, me presto,
A viver com uma nova direção.