Colônia
Diante do espelho quebrado,
Toco minhas cicatrizes espalhadas.
Ponho em mim aquela colônia,
Com cheiro de nada, no corpo gelado.
Saio andando pelas ruas,
Com a cara nua, sem frescura.
Nada mais me traz aquele frescor,
Tudo parece ter perdido a cor.
Não sinto mais aquela vontade,
Que me fazia brincar com a realidade.
As coisas perderam seu significado,
Já não ligo para o que é mais observado.
As pessoas vêm até mim, querendo meu cheiro,
E minha pele exala o vazio, inteiro.
Coloquei em mim aquela colônia,
Com cheiro de nada, no meu couro frio.
Tem quem prefira me dar uma flor,
Mas já não dou mais a minha mão, sem amor.
Pois em mim não existe coração,
Nem a mínima paixão.