Auto retrato existencialista
Auto-retrato Existencialista
O que sei de minha vida?
Em que porões escuros
esconderam-se minhas verdades?
Minha vaidade é tanta, que sólida,
me oculto sob ela.
Quem sou? Poeta do absurdo,
pretensioso em meus versos,
jogo as palavras
como quem atira pedras ao lago
e a poesia dos círculos
é apenas acidental.
Tenho mulher e filho,
família, enfim.
E ainda assim me oculto.
Não me conheço,
não me conhecem os meus.
Ateu por convicção, cristão
por covardia ou por ínfima
conveniência.
Não sei a aparência que tenho
principalmente quando minto,
o que é uma constante.
Cérebro fecundo projeto fantasias,
sonhos imaturos, jogos senis.
Claro/escuro.
Simpática figura, inofensivo,
atencioso, amoroso,
leal companheiro...
Mas qual!
Sou ilusão.
Personagem criado por mim
para defender-me dos medos do mundo.
Meus medos!
Temores intensos que moldaram
este que sou:
- Homem incompleto.
Campinas 1992
Uma fase muito difícil de minha vida. Passado, apenas passado...