O Vampiro Espiritual

Ouvi falar sobre um tipo de monstro recente

Algo estranho, cria dos novos tempos

Um tipo de fera indecente

Que não é sobrenatural

É muito comum inclusive,

O vampiro espiritual

Ele não é como aquele seu parente famoso do cinema

Não se alimenta de sangue ou do sol se esconde

Ele gosta de ser visto no centro do problema

Não tem vergonha de ser visto no bonde

Nem de estar no meio da cena

É uma estrela, um artista

Uma criatura egoísta

O vampiro espiritual escolhe um amigo preferido

Alguém com vaidade e energia acima da média

Então se atraca, se torna dele querido

E conjura então seu baile-comédia

Vira uma claque, a aplaudir

O amigo sem saber, contagia

Que está a suprir o vampiro

Em sua fome de energia

Os outros amigos, do vampirizado se afastam

Enquanto isso aferrados, os dois se arrastam

O vampiro espalhando loucamente seu mal,

E o amigo, se tornando cada dia mais igual

Os dois formam uma dupla terrível

O vampiro sorrindo cheio de vida

O amigo envaidecido, cheio de feridas

E brigando a torto e a direito

Vai perdendo todo o respeito

De gente que o adorava

De quem lhe admirava

E não adianta, que a trava

Dos dentes vampiros é cruel

Sua baba, amarga como fel

Seu poder, é derrubar do céu

Gente que não tem a capacidade

De controlar sua vaidade

E o vampiro suga até tudo poder

Quando termina deixa o amigo a morrer

E quando não resta mais que a casca vazia,

Chuta o amigo pro lado, em mortal apatia,

E procura outra vítima pra se alimentar

Deixa aquele grupo a chorar,

Tanto pelo que não se viu

Quanto pelo que passou

E o ex-amigo não admite o ato

Não admite o fracasso

De ter servido de prato,

Pro vampiro-puxa-saco

Que bate palmas pro vento,

Que nasceu mau-elemento

Que tem fedor de excremento

E ainda assim, de rosas se veste

E de toda moral se investe

Como se em sua carcaça

Vivesse algo que preste.