Imperceptível
Quem me dera ser como os ratos,
que dentre meio aos seus trapos
ainda encontram uma razão para viver...
Quem me dera ser como os insetos,
que sobrevoam mortos e morféticos
e que ainda sim são estudados e colecionados...
Quem me dera ser como os vermes,
que mergulhado num intestino apodrecido
ainda tem farturas para se alimentarem...
Quem me dera ser como os humanos,
que mesmo com todos seus atos profanos
ainda são perdoados por Deus...
Quem me dera ser como os loucos,
que apesar de presos em uma camisa de força
ainda podem abraçar a si mesmos...
Quem me dera ser como os doentes,
que derramados em um leito deprimente
ainda acreditam no sopro da ressurreição...
Quem me dera ser como as viúvas,
que perdendo aquilo que mais amavam
ainda encontraram lágrimas para clamar...