Era uma tarde radiosa
Bela esta tarde radiosa, perfeita
O sol, cálido, beijava-me o rosto
E o vento, levemente flutuava
Ao meu redor, numa serena dança
Envolvente,
Inebria-me os sentidos
Reparo nas gaivotas que rasgam
Este azul de céu mareado
Deambulam nos voos rasos
Acrobáticos, simples, livres...
As ondas espumosas de algas
Verdes, como campos
Adormecem na areia morna
Dourada,
O canto da sereia
Poderia embalar o quadro
Mas a efémera beleza se
Transforma num simples pensamento
Bátegas escorrem furiosas
Tumultuosas
Tolda-se-me a visão
Transformada,
Prisma ou caleidoscópio
Deformam esta realidade
Apelo às nuvens, ao sol, ao vento
Às águas serenas e até ás rapinas
Mas o silêncio responde-me
Não escutam já os olhos
Da beleza deste dia
Apenas recorda da mente
A fonte e causa desta torrente
Que doravante assola
A encosta do meu rosto
E me furta o olhar na maresia
Ondas de dor salgadas de mar
© Luís Monteiro da Cunha
2006-05-15