Vírus da tristeza
Hoje quero ausentar-me de mim.
Perder-me nesta estrada sem fim.
Não quero, de forma alguma, olhar para trás.
Vou deixar perdido no tempo, isso que só mal me faz.
Só quero, de olhos fechados, não vê-la surgir,
Não relembrar mil vezes por dia,
O momento dilacerante de vê-la partir.
Não quero mais chorar, sentado no chão de uma casa vazia.
Vou tentar educar a mente para absorver a emoção.
Sei que isso é perigoso. É arriscar uma explosão.
Mas não tenho escolha, se quiser voltar a viver,
Pois se não tira-la de mim, a saudade me levará a morrer...
Despeço-me aqui, da paixão, da emoção e do calor,
Vegetarei pelas trilhas dessa vida sem alegria,
Como um músico em inspiração tardia,
Em descompasso diário com o amor.
Porque, quando amo, quero alma e corpo
E busco sempre, do amor, a pureza.
Mas meu carma é a desilusão e sentimento torto,
Onde só se fortalece, o vírus da tristeza.