Tuas Mãos

Tuas mãos que ao teclar me acarinhavam,

tuas mãos que um dia tocaram minha pele;

as mesmas mãos que minha boca beijavam,

as mesmas mãos que hoje meu amor impele.

Tuas mãos que os meus anseios desfizeram

os castelos de meus sonhos, triste viver;

tuas mãos que os mesmos sonhos me deram,

destroem a minha inspiração de escrever.

Tuas mãos que um dia qualquer me amaram

nas quentes noites em que nasceu o amor;

as mesmas mãos que em noites abraçaram,

são as mesmas mãos que repelem o calor.

Tuas mãos, hoje, sombrias se escondem;

as lembranças de tudo é o que restaram.

Tuas mãos quando pergunto não respondem;

as mesmas que em silêncio me enterraram.

Tuas mãos saudosas deixaram-me um vazio;

nos meus dias e noites falta-me o dizer.

As mesmas mãos que extinguiram meu estio

enterram os versos que restam por dizer.

Tuas mãos dantes nosso amor descreveram

o mesmo amor que vês como inaceitável.

Tuas mãos que ainda não se aperceberam

o quanto meu amor por ti é inigualável.

Tuas mãos que ainda muito entristecidas

desconhecem a imensidão do meu sofrer;

as minhas mãos, hoje, escrevem rendidas

a falta que as tuas não me deixa viver.

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 21/08/2006
Código do texto: T221453