Gustavo

E eu, que intimamente justificava meu recesso poético como fruto de tamanha felicidade,

Não vejo momento mais propício para voltar ao papel.

E nele rabisco a lembrança daquele sorriso que ainda vai durar muito no coração...

...ah, isso eu prometo.

Todas as juras, os planos, os filhos e os labradores também.

Como num sarcasmo sobrenatural, o símbolo daquele amor era o infinito.

Bem sei sobre o que o infinito impera dentro de mim.

Só eu sei.

Os únicos que me entendem são um espelho quebrado e os muitos pensamentos insanos.

Esses sim são amigos de verdade, esses sim conseguem ver o que ninguém mais vê.

Esses sim sabem o que é guardar segredos além do infinito.

Sim, esse mesmo infinito,

Que numa insistência constante,

Não me faz parar de pensar em tudo que é finito. Quase tudo o é.

Quase?

Não, sei. Talvez tudo.

Mas os conselhos daqueles que nem me conhecem vêm sempre a contento.

Não sabem quem sou, do que sofro, por que morro. Apenas aconselham.

O papel é um conselho em branco, que espera por ser escrito...

...não, não por mim.

Conheço-me o suficiente para não permitir mais uma ilusão.

Patricia Florindo Martins
Enviado por Patricia Florindo Martins em 05/12/2010
Código do texto: T2653843
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