Cântico

Agarrada a esperanças vãs,

de haver nesta terra oásis,

e, não somente desertos malsãs,

vivo apegada a sonhos, utopias...

Quando criança, ensinaram-me a ser sincera

E crer na força divina e vencedora do amor...

No poder da paz e não da guerra,

Que depois da tempestade vem a bonança.

Para, hoje, perceber, que nem sempre,

após a noite, vem seguida do dia.

Entre eles, há sempre uma madrugada fria,

deixando n'alma uma triste letargia.

Transformando os dias que restam na terra

uma via sacra da dor e da agonia;

a desejar apenas que chegue logo

a hora do sono eterno e sem dor.

Levando o que resta d'alma gélida,

a paragem desconhecida e almejada,

ecoando no corpo e na alma um toada;

em cânticos e louvores, aos deuses das dores,

a libertação dessa ave presa em grade carnal;

cansada, alquebrada de tantas lutas e dissabores!

Vanderli Medeiros
Enviado por Vanderli Medeiros em 26/06/2005
Código do texto: T27955