Populismo

O pranto desaba sorrateiro na estirpe

E voleia sonolento ao vento bufão das guerras.

Guerras que se criam, quando paridas,

E perecem, quando perenes morrem.

Gritos, que provindo dos guetos,

Vêm prover a morte santa da agonia

Que soluça feito louca pelos cantos da prisão.

Loucos que vagueiam

mortos-vivos, pela noite,

Porque vivos,

já não, eles mais o são.

Santo padre-nosso,

padre-vosso,

pelos ossos

desses mortos

diz-se amém!

Carros luxuosos,

Corsos novos,

Novos povos famintos,

Caminhantes, itinerantes,

Bandoleiros, retirantes

Sem destino, em desatino.

O menino endiabrado,

Esfaimado e abusado

Esse brado vem bradar:

“- Eu sou pobre, pobre, pobre,

da Favela da Maré!

Eu sou pobre, pobre, pobre,

Na maré cresci!

Se tu é rico, rico, rico,

Dá um dinheirinho aí!

Passa logo a grana toda,

Se não vai caí!”

Belo futuro nos reserva a omissão!