O Livro das Máscaras

Passo agora da vida horas

Mirando a caixa de luzes

E contando letras pra extravasar

Vejo-me trincar a face ao mundo

Como uma barra de chocolate

E não sinto sabor algum que tem vida

Pois não se sente gosto com os olhos

É preciso apalpar junto ao rosto

Mastigar, engolir, deitar fora sobejos

Mas a hipnose da caixa de luzes

Faz-me acreditar que tenho o bastante

Que não vale a pena o risco de viver

Alem do meu gasto horizontes

Que morrer em cima do rastro

É uma dádiva imerecível

O anonimato é uma benção

E a dor incondicional a estrada

Lembro-me além da curva

Chame de medo ou covardia

Pois volto o rosto pra meus dedos

Condicionados a três letras

O mundo, a teia e a amplitude

Preso como mosca na rede

No epicentro do mundo

Nos espelhos que ocultam faces

Que a mascara me seja leve

Que vida me seja menos ríspida

Savanarola