Da dor

Pega a tua felicidade e muda-te

Pega tudo aquilo que lhe é caro

As fotos, a cama, o livro, o quadro

Deixa-me aqui com aqueles que são meus

Não esconda o rosto agora

Lágrimas são as tuas correntes

Não desvie o olhar, não fuja da miséria

Vai e não olha mais para esse sodomismo

Leva toda a luz que tens

Pois eu sou o eclipse

Merecedor apenas do que é meu

Daquilo que não tenho, sou dono

Não durmas porque eu sou a insônia

Não sonhes porque eu sou o dragão

Não alimenta te pois eu sou a peste

Não reze pois eu sou a besta

Tudo o que tínhamos dei aos porcos

Minha ingratidão é um mundo

Aqui todos os demônios habitam

Aqui é que vivo minha danação

Então me resta somente a morte

Mas nem a ela sou caro

Pois ela deseja ardentemente

Somente aqueles que a amam

Meu lugar é o esquecimento

Lugar de niguém

Ermo de toda humanidade

Deixe me só. Só.

Lágrima é somente a distorção da realidade.

Jessé Correia Júnior
Enviado por Jessé Correia Júnior em 14/09/2005
Código do texto: T50460