Remanso da Solidão

Ela nunca tinha descido o rio

E como suas irmãs dos pés de ipês

Que ao fim da florada ficavam sempre

Ao pé da árvore ou presa no remanso do rio.

Mas um dia num rasgo de coragem,

Pegou uma corrente e desceu rio abaixo,

Em busca da felicidade, e fecundada pelo amor,

Sentiu se amada como nunca.

E na transmutação natural, esqueceu de se amar.

Agora com a metamorfose incompleta chora

Em dores, lembranças e solidão.

Porquê quando tudo dói...

A dor é da alma que chora.

Porém o rio vai estar sempre lá a correr,

Mas a alma cheia de dor ficou presa

No remanso da solidão...

E ela até já se esqueceu que é uma flor.

Fernando Alencar
Enviado por Fernando Alencar em 07/09/2018
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