Escuridão

Está tão escuro agora

Sinto minha pele fria

Nada vejo, nada desejo

Somente essa inércia

Que de certa forma

É mais prazerosa que a vida

Ainda escuto os sussurros

Percebo os movimentos

E por um momento

Tudo estilhaça a minha volta

A redoma de vidro se rompe

Mãos quentes tocam meu corpo

E eu quase morto respiro

De repente, tudo cessa...

Meu coração sem pressa

Mergulha em um mundo vazio

E o calafrio da solidão me abraça

Na desgraça, no silêncio...

As mãos me levantam

Enquanto busco o equilíbrio

Busco abrigo em mim mesmo

Mas ainda assim estou perdido

É tudo tão estranho, tão sem graça

De pé, me vejo diante de uma luz

É azul o outro lado, é como um berço

Um abrigo onde não habita o medo

Mesmo assim choro, sim são lágrimas

A mão quente me abraça

Eu meio sem graça

Me vejo nu!

Despido de toda dor

E o amor, é mais que sentidos

Está além do toque

Faz vibrar cada molécula inerte

O amor, é mais que a vida

É mais que tudo que imaginamos

Olho nos olhos do amor

Ele pede que eu volte

Suplica pelo meu retorno

Me distraio, a escuridão cai sobre mim

Mergulho em um abismo

O sentimento de queda congela meus sentidos

Mas nunca chego ao chão

Meu coração acelerado

Trinca, se espatifa contra o vazio

Por um fio respiro afobado

No cair infinito, no vazio acelerado

A escuridão novamente me abraça

É fria, é gelada, é angustiante

Nada vejo, nada sinto...

Minto!

Vejo a insignificância do meu ser...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 13/03/2019
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