Escuridão
Está tão escuro agora
Sinto minha pele fria
Nada vejo, nada desejo
Somente essa inércia
Que de certa forma
É mais prazerosa que a vida
Ainda escuto os sussurros
Percebo os movimentos
E por um momento
Tudo estilhaça a minha volta
A redoma de vidro se rompe
Mãos quentes tocam meu corpo
E eu quase morto respiro
De repente, tudo cessa...
Meu coração sem pressa
Mergulha em um mundo vazio
E o calafrio da solidão me abraça
Na desgraça, no silêncio...
As mãos me levantam
Enquanto busco o equilíbrio
Busco abrigo em mim mesmo
Mas ainda assim estou perdido
É tudo tão estranho, tão sem graça
De pé, me vejo diante de uma luz
É azul o outro lado, é como um berço
Um abrigo onde não habita o medo
Mesmo assim choro, sim são lágrimas
A mão quente me abraça
Eu meio sem graça
Me vejo nu!
Despido de toda dor
E o amor, é mais que sentidos
Está além do toque
Faz vibrar cada molécula inerte
O amor, é mais que a vida
É mais que tudo que imaginamos
Olho nos olhos do amor
Ele pede que eu volte
Suplica pelo meu retorno
Me distraio, a escuridão cai sobre mim
Mergulho em um abismo
O sentimento de queda congela meus sentidos
Mas nunca chego ao chão
Meu coração acelerado
Trinca, se espatifa contra o vazio
Por um fio respiro afobado
No cair infinito, no vazio acelerado
A escuridão novamente me abraça
É fria, é gelada, é angustiante
Nada vejo, nada sinto...
Minto!
Vejo a insignificância do meu ser...