SEM RUMO

Não sou o que não quis ser

Nem o que quis ser sou

Não sei se o que quis ser

É o que não quis ser

Sem querer ser o que sou

Visto que,

Não sou aquele que não quis

Nem aquele que quis sou

Sou o que sou:

Aquele que não quis e o que quis

Não sei o que sou...

Envelheci, deixando a vida passar

Como chocolate no vão dos dedos

De u'a mão que aperta.

Fui lambido pela vida

Jamais fui formatado

Em louça fina apresentado

Doce inteiro e decorado

Sempre fui fundo de panela

Raspado com voracidade

Regalo de criança

De sabor inigualável.

A onda encolhe, o mar estica

A onda encolhe, o mar estica

A onda encolhe, o mar estica

Num balouço interminável

Que vai, volta e não fica

Perdi-me em desenganos

Em planos de muitos planos

Com a certeza dos errados

Escondi minha incerteza

E gritei minha verdade

Num pedestal de palafita.

Agora, aquele que não perdoa

Com seu tic-e-tac infinito

- Vicissitude maldita!

Amarelou minhas fotos

Enrugou minha juventude

Tirou meu viço e coragem

Deixou meu corpo sem prumo

Cegou minha visão de futuro

Envasilhando em meu cérebro

Um vírus, chamado, sem rumo.

Jose Raymundo Xavier
Enviado por Jose Raymundo Xavier em 20/03/2019
Reeditado em 20/03/2019
Código do texto: T6603198
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