GIVE ME LORD (Drummond que me desculpe...)

Eu te gosto porque te gosto.

Não precisa ser gostoso,

porque nem sempre sei sê-lo.

Eu te gosto porque te gosto.

Estado de gozo é que me encontro,

e com gosto não satisfas dívidas.

Gostar se gosta gratuitamente,

é propalado na atmosfera,

no campo, na lua com coelhinho.

Gostar desvia do léxico

e regula diversos outros.

Eu te gosto porque não gosto

suficiente ou intensamente com meus botões.

Porque gostar não se substitui,

não se uni nem se gosta.

Porque gostar é gostar coisa alguma,

venturoso e valente que figura em pessoa.

Gostar é germano do pesar profundo,

e da ruína triunfante,

ainda que abotoe o paletó

a cada inadiável gostar.

Daí-me, Senhor, serenindade

para eu falar a minha namorada.

Será que namorada dá ouvidos a alguém?

Terá efeito falar a namorada?

Existirá algo a dizer-lhe

que ela já não saiba, ela que transfigura

toda sapiência em encantadora amnésia?

Luiz Almeida
Enviado por Luiz Almeida em 28/11/2007
Reeditado em 29/11/2007
Código do texto: T756618