A Vendedora de Ikebana

Na esquina da rua, ela fica a esperar,

Com flores de plástico que o tempo vai apagar.

Os rostos passam sem nunca notar,

Enquanto o sol vai rachando o seu olhar.

O vento sopra, mas não leva ninguém,

Só espalha a poeira daquilo que vem.

Ela já sabe que nada é pra já,

E que a espera é um jogo que não vai ganhar.

Seus dedos já foram ágeis, ligeiros,

Agora são lentos, marcando o tempo.

Como um velho relógio que ainda insiste,

Mesmo sabendo que o dia é cinzento.

E a cidade respira, mas não para ver

A mulher e suas flores que nunca vão morrer.

Porque a morte demora, mas sempre virá,

E o plástico não sonha, só sabe durar.