QUERO
Eu queria me apaixonar outra vez:
deixar o rio correr, desnudando as pedras do caminho,
com toda força transbordar nas várzeas com paixão depois de noites de chuva e trovões.
Encontrar o delta deixando o rio e ser mar e amar.
Eu queria, não sei se já quero.
Hoje sou apenas sertão e espero que a chuva chegue.
Nunca chega.
Passa verão, inverno também, e a chuva virou ilusão.
Eu quero ou espero apenas o descanso chegar:
seja rio virando mar ou terra sedenta a se saciar.