Canção Para os Perdidos
Na trilha dos dias, a verdade nunca foi fácil,
Principalmente para aqueles que ousam pensar.
João voltou da guerra com medalha no peito,
Mas à noite não dorme, só sabe gritar.
Na esquina escura, um homem de farda
Diz que a dor tem dono, que só pune quem deve.
Enquanto Ana grita no porão sem janela,
Os jornais da manhã dizem que a lei é leve.
E o velho inquisidor, de olhos vazios,
Queima livros na praça como quem faz café.
Ele diz que a chama purifica os impuros,
Mas é só fogo e fumaça cobrindo a fé.
O menino na estrada vê tudo calado,
Com a boca suja do pão que não veio.
Ouvindo promessas que nunca se cumprem,
Aprendendo a viver com um nó no meio.
Assim, seguimos cantando em meio à contradição,
Com a alma desnuda e o coração em combustão.
Na estrada incerta, a verdade é nossa canção,
E o pensar livre é a única redenção.