Invencível Coração

Ah, quem me dera, meu irmão...

Entender essa besta-fera

Que mora em teu peito,

E atende por coração

Quem me dera saber porque

Sofres tanto, tanto te feres

Choraste por tantas mulheres

E caíste em desgraceira,

De bebedeira em bebedeira

Erraste sem eira nem beira,

Quem me dera saber porque...

Queria saber onde está o amor

Que vive em teu coração.

Onde anda aquele sorriso

Que é perdido desde então,

Onde está ele, meu irmão?

Onde anda o amor de verdade,

Aquele que cura as feridas

Que supera as saudades

Que trata de dar guarida

Àqueles que encaram a vida.

Onde está?

Estará no próximo dobrar de esquina,

Numa próxima primavera,

Na chuva boa que se aproxima,

Nos braços de alguma menina,

Estará a paz que te espera?

Estará lá a paz de teu coração-quimera?

Acho que está por aí,

Ou será que está a fugir, a se esconder?

Estará onde não podes ver,

Ou se permitirá a você?

Mas se me respondes com tanta graça,

Que mesmo após tanto chorar,

Que por mais que teu pranto não passa

Por mais que tu desejes descanso

Deitar-te em um lento remanso

E teu coração descansar,

És guerreiro e não foges da lida

Por mais que espinhos enfrente

Continuarás em tua corrida,

Disposto a qualquer desafio

Se por mares, montanhas, ou vales, ou rios

Pra encontrar a tua paz afinal,

O teu amor, sol primordial

Que cessará todos os desvarios

E te dará tempo, luz e contento

E as benesses de um bom sentimento.