O Destino e Eu

Hoje cedo, meu corpo todo doeu

Percebi que esse destino que vivo,

Esse destino atrevido,

Não é como eu pensava, meu.

Hoje meu corpo um pouco envelheceu

Um bem-te-vi pousado

Na antena do prédio ao lado do meu

Logo após eu ter acordado,

Com seu piado arrogante me recebeu

E pensei, onde minha vida se escondeu?

Olhei para trás, anos se perdendo no breu,

À medida que afasto-me do brilho

Da esperança que um dia me pertenceu

Porque não me sinto como me sentia?

Quando foi que me tornei tão ateu?

Hoje minha mente é veloz, e já percebeu

Que o mundo gira em uníssono lento

Gira num tom de lamento, e eu

Parado um dia no poleiro dos pombos,

Olhei para o céu e ele não respondeu.

Quem sou eu? Quem sou eu?

Só vieram os ecos, os sons dobrados

Uma tempestade de raios rasgados

E a chuva que me acolheu

Esse era eu...

O que sobrou de anos passados

De histórias vividas e futuros errados

Possibilidades perdidas e trens atrasados

Esse era eu...

Procurei tomar pé do que eu era agora,

Antes que o tempo rápido me levasse embora,

Mas não queria mais ver no que me tornei

Pois sentia tanta falta do que esperei...

Que chorei.

Chorei no silêncio do meu coração

Minhas lágrimas não viram luz nem escuridão

Só a minha alma as lágrimas provou

E só o destino meu pranto escutou.

Então eu...

Voltei a vestir minhas armas de guerra

Cansei de ficar nessa amarga espera

E fui procurar algo que mais fazer

Pra não ter que pensar, pra não ter que sofrer.

E sigo vivendo, de mal com o destino

Cruzando às vezes com o meu eu menino

E fazendo de conta que não o vejo

Esquecendo que em mim ainda arde o desejo

De fazer o destino comigo encontrar

Dar-lhe uns tapas na cara e vir me escutar

Contar para ele coisas que aprendi, enfim

E vê-lo se render, e sorrir para mim